Movimento sindical: qual o limite?

Movimento sindical: qual o limite?

Avanços e retrocessos na luta sindical nos últimos anos no Brasil

O sétimo encontro do I Seminário Sindical do Sindipampa teve como tema O Movimento Sindical: qual o limite? A palestrante foi Berna Menezes. Berna é TAE na UFRGS e foi dirigente da ASSUFRGS por longos anos. Atualmente faz parte da Direção Nacional da Fasubra, da Direção Nacional da Intersindical e da Executiva Nacional do PSOL.

Berna começou sua fala destacando a importância de discutir como chegamos até aqui. Para ela, o sindicalismo, como existe hoje no Brasil, “parou no tempo”. Berna disse que viveu, na década de 80, o dinamismo e a efervescência do movimento sindical, em uma época em que esses eram proibidos, assim como as greves, e mesmo assim elas ocorriam em um período de muita resistência. Enquanto hoje é difícil preencher os postos para formar uma chapa, Berna comenta que, naquela época, havia uma guerra entre quem iria ocupá-los. Segundo ela, a força daquele período vem do intenso trabalho de base. Ela percebe que atualmente as pessoas não valorizam ou não tem disposição para realiza-lo. Ainda sobre isso, ela defende que a principal tarefa no trabalho de base não é falar, e sim ouvir. Isto é, conhecer e compreender as verdadeiras lutas dos trabalhadores, especialmente saber o que os colegas estão e não estão dispostos a fazer pela luta. Segundo ela, a linguagem também é outro ponto importante na capacidade de diálogo.

Em relação aos desafios do movimento sindical, ela aponta como principal tarefa vencer o individualismo, valor central de uma sociedade de mercado. Segundo ela, as novas gerações estão desacreditas nas saídas coletivas, fazendo com que muitos participem do sindicato interessados somente nas pautas em que são diretamente afetados. Para ela, é preciso romper com o corporativismo, gerar consciência coletiva e fazer do sindicato um instrumento de uma luta maior.

Segundo Berna, um dos caminhos nessa direção é o desenvolvimento do senso de solidariedade, o que pode ser promovido na realização de campanhas para os mais necessitados, como fome e agasalho, ao passo que possibilitem aos colegas acessar outras realidades, mais precárias que a sua. Ela também aponta como valores a democracia e a inclusão: a união com colegas de outras Instituições, bem como de outras categorias, professor e técnicos, somando forças e esforços. Segundo ela, um dos entraves atuais é a fragmentação dos sindicados das universidades federais do nosso estado (RS). Berna, nesse sentido, defende a construção/retomada de um fórum dessas Instituições, de modo que os sindicatos com estruturas mais avançadas possam auxiliar os mais novatos.

Berna também considera importante estimular os mecanismos de encontro e debate virtual, tal como o Seminário em questão, para conversar com diferentes setores e, quem sabe, trazer novas inscrições. Além disso, desenvolver ou aperfeiçoar os mecanismos de comunicação como jornal, página web e redes sociais. Por fim, Berna defende que é necessário revolucionar o movimento sindical, porém não tem certeza se essa disposição se faz presente.

Por Luiza Damboriarena

 

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